sábado, 26 de janeiro de 2013

Em 8 parágrafos: por que uma Universidade de Polícia com feições humanísticas ?


Em 8 parágrafos: por que uma Universidade de Polícia com feições humanísticas ?


Não são os conhecimentos técnicos que humanizam o homem e estabelecem uma relação de confiança entre a Instituição Polícia Militar e seus integrantes, mas as humanidades.



Começando 2013, temos diante de nossos olhos um quadro em que a gestão estratégica compreende as vantagens operacionais de eficiência e eficácia da criação de uma Universidade de Polícia e pode-se perguntar: Por que esta nascente universidade deveria ter feições humanísticas? Por que é tão importante que a marca, a ideia, o conceito de uma Universidade de Polícia deva nascer já com um aspecto humanístico?  Por que deve esta universidade ser o baluarte da eficiência, mas também da difusão de uma cultura humanística? E por que esta universidade deveria ser o carro chefe de um movimento de humanização do ambiente e do serviço policial-militar que é oferecido ao cidadão? O que é humanização, afinal? Não é o mesmo que valorização profissional?

Antes de tudo é preciso ter consciência que a iminente Universidade de Polícia que venha a catapultar para novíssima fase todas as escolas policiais-militares, deve possuir, já na sua criação, um perfil humanístico, porque este perfil definirá a longo prazo, a face de toda a Instituição policial-militar.

Em segundo lugar porque os novos conhecimentos profissionais de que precisamos englobam os conhecimentos das humanidades que são essencialmente conhecimentos na forma de literatura, de textos de sociologia, antropologia etc e na forma de cinema, teatro, música etc, que ampliam e aprofundam no policial militar a percepção – em si e nos outros – de dramas sociais/políticos e individuais/éticos. Isto porque estes conhecimentos humanísticos não devem ser apenas exigidos na prova de ingresso na Instituição, mas devem ser sempre cultivados e tratados nas fileiras da Instituição. Fundamentalmente porque o homem não nasce homem ele se torna. E são as disciplinas humanas que podem garantir a continuidade do processo de humanização do homem, de seu ambiente de trabalho e do serviço que oferece ao cidadão.

Do contrário, se por novos conhecimentos profissionais entende-se apenas conhecimentos técnicos e habilidades práticas que se ensina e se cobra apenas com o método de premiação e punição, é preciso dizer, a Universidade de Polícia será apenas um aparelho administrativo mais eficaz, mais econômico e mais rápido na meta de capacitar seus profissionais para a oferta de serviços-padrão de segurança pública, preconizados por uma Gestão Estratégica movida apenas por resultados a curto prazo.

No entanto, estes resultados não terão lastro, serão inconstantes, sofrerão crises porque não estarão fundados em bases duradouras. Sobretudo porque, se a gestão estratégica foca apenas conhecimentos técnicos e habilidades profissionais, ela confia – sem confessar ou saber – unicamente nas leis de mercado dizendo para si mesma: ensino bem e mais, gastando menos tempo e dinheiro e se o profissional não aplicar o que aprendeu, eu simplesmente o troco por outro no mercado de trabalho. Esta não é uma relação de confiança, é uma relação de poder.

Devemos evitar este admirável mundo novo em que o progresso técnico, ao invés de servir ao homem, o oprime, o instrumentaliza, o desumaniza e o torna descartável, colocando-o em posição adversa à administração, em atitude defensiva e rancorosa na sua impotência ocasional em abrir mão de seu emprego público que é o real motivo da irrupção de crises institucionais cuja culpa é sempre direcionada com habilidade para o administrado pelo não cumprimento de um procedimento padrão e não para administração que deveria ser capaz de persuadi-lo a seguir este padrão em uma relação de confiança.

Naturalmente, auspiciamos uma Universidade de Polícia que seja eficaz, econômica e ágil, mas que também seja capaz de superar e substituir em um órgão policial a subcultura de violência e a cultura de competição e relações baseadas no poder – ainda comuns, apesar dos progressos, em toda a sociedade brasileira – por relações baseadas na mútua confiança, na convicção da igualdade de todos diante das leis, na vantagem, para cada um de nós, da solidariedade e da prioridade para o bem comum. Pensamentos fortes originários e ensinados pelas humanidades.

Assim, são as disciplinas humanas unicamente que podem agregar à eficácia, economia e rapidez do ensino moderno um lastro, uma constância, uma garantia duradoura contra crises para seu padrão de serviços de referência, isto é, atingir a meta da Instituição.

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